sábado, 24 de fevereiro de 2018

Venda de ingressos para as 500 Milhas empolga Doug Boles


Esse na foto é Doug Boles, presidente do Indianapolis Motor Speedway desde 2013. Quando assumiu o posto, sua missão principal era a de tornar a prova mais famosa dos Estados Unidos por décadas na maior corrida do mundo também na venda de ingressos. E essa missão não seria fácil de ser revertida quando observamos o contexto que Doug herdou. 

Em 2013, ano em que Tony Kanaan se sagrou campeão, pouco mais de 200 mil pessoas compareceram ao IMS para assistir a glorificação daquele que ontem e hoje é o piloto mais popular da categoria, ao menos o mais popular entre os americanos que moram em Indiana. Oficialmente não se divulga o público das 500 Milhas, dão estimativas de quantas pessoas compareceram nesse ou naquele outro ano. Se você acessar o Youtube e observar o vídeo da corrida, verá que as arquibancadas não estavam lotadas e grandes clarões são perceptíveis nas tomadas áreas da televisão americana. Boles tomou posse no dia 7 de julho de 2013, depois desse preocupante fato detectado na nonagésima sétima 500 Milhas: o prestígio da corrida parecia desgastado pelo tempo, pelas brigas internas da família, desgastado por um público que simplesmente abandonava ano após ano a corrida mais especial do calendário dos monopostos americanos. Pra piorar Boles precisava se preparar para a centésima edição das 500 Milhas!

Na primeira 500 Milhas em que estava no comando da promoção do evento, Doug Boles mirou mais na preparação antecipada para a centésima edição (que ocorreria em 2016) do que tomar medidas mirabolantes visando lotar as 500 Milhas de 2014. A presença de Kurt Busch por si só gerou uma boa mídia para a prova e a boa corrida do ano anterior também impulsionaram a compra dos ingressos. Talvez 250 mil compareceram, um bom aumento, mas nada significativo. O medo de Boles era de que as 500 milhas de número 99 tivesse um comparecimento baixo de público já que o interesse da maioria estava nas 500 Milhas de 2016, então muita gente preferiria abortar o plano de ir nas 500 Milhas de 2015 para focar suas intenções na edição 100 da prova.

Não deu outra, 220 mil pessoas estiveram presentes nas 500 Milhas vencida por Juan Pablo Montoya. Doug abraçou o número ruim e focou todas as forças na promoção do seu projeto100, que você pode ouvir o próprio Boles falando sobre nesse vídeo:


A presença de 350 mil pessoas nas 500 Milhas de 2016 deixou todos com sorriso enorme nos rostos, fãs e administradores. Sucesso absoluto, o evento foi direto para os livros de recordes sobre eventos que reúnem mais de 300 mil pessoas em um só dia. Boles respirou aliviado no escritório, tenho certeza. Mas e a ressaca que naturalmente viria após edição tão significativa? O que fazer para promover as 500 Milhas na próxima década a partir da edição 101?

Veio então o atrativo Fernando Alonso, uma mídia impressionante sobre o evento varreu toda Europa e a vitória de um japonês que passou a ser herói nacional em seu país a tacada final de sorte que o destino destinou a nossa Eterna e Mítica Vadia! Tirando a edição de número 100, as 500 Milhas de 2017 tiveram o maior público no Speedway dos últimos 20 anos: 300 mil pessoas assistiram a glória impressionante de Takuma.

Agora, para a edição 102, Boles informou dias atrás que é possível quebrar o recorde do ano passado já que as vendas de ingressos, até o momento, são maiores que as vendas eram nesse mesmo período em fevereiro de 2017. Parece que a magia da pista mais famosa do mundo foi resgatada!

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Ufanismo Foytista


"A VERDADE ESTÁ LÁ DENTRO" - Não diria o mais clássico detetive do FBI, Fox Mulder. A verdade para o time Foyt está lá dentro das garagens, dentro das reuniões e negociações sobre a montagem do elenco de mecânicos e engenheiros que trabalharão na temporada 2018 da categoria mais rápida do mundo. 

O que importa fazer hoje para o time? Ter bons engenheiros cuidando do carro #14 e do #4 e, de preferência, que consigam produzir uma fina sintonia tanto com Tony Kanaan quanto com Matheus Leist na busca dos setups perfeitos para cada etapa do campeonato. Um dos que já foram contratados para reforçar a equipe foi Eric Cowdin, que assumirá a função de Engenheiro Chefe do time Foyt. Cowdin trabalhou com Tony no título do brasileiro em 2004 e na vitória dele nas 500 Milhas de 2013.


No outro carro estará uma incógnita chamada Matheus Leist. Essa foi uma aposta de A.J. porque o mito viu no jovem piloto brasileiro um talento real a ser lapidado o mais rápido possível na categoria principal. A.J. deixou de lado um piloto experiente como o Muñoz (possuidor de dois vices em Indianapolis 500) e o bom Conor Daly (que ficou putaço com a vaga perdida) para colocar suas fichas no gaúcho de 19 anos que nunca correu uma única vez na Indy. Estou achando que Foyt enxergou certo demais nessa jogada na roleta de pilotos da Indy Lights, mas esperemos o Tempo nos dizer algo mais concreto sobre essa escolha do SuperTex.

A certeza que tenho mesmo, enquanto torcedor sofrido do time Foyt (nossa última vitória foi em Long Beach 2013 quando era o Sato o piloto do lendário #14), é que a jamais a Foyt fez uma pré-temporada tão intensa, dentro e fora das pistas, quanto vem fazendo nesse final de ano de 2017. A garagem do time em Houston e a garagem em Indianapolis estão se comunicando constantemente a fim de conhecer o mais rápido possível tudo que o novo aerokit universal tem a oferecer. Paira um surpreendente ar de profissionalismo no time texano, um profissionalismo que deve elevar o potencial dos carros dentro das provas em 2018.


Óbvio que é cedo demais para estar colocando a Foyt entre os times que lutarão em todas as etapas pelo TOP 10 das corridas. Há sim uma grande possibilidade de todo esse esforço dar errado e restar ao longo das etapas o lamento e as desculpas para os erros e fracassos de todo time. Se olharmos pelo lado negativo, teremos um veterano próximo da aposentaria e que foi um vexame por 4 anos com o time de ponta da Ganassi, e no carro #4 estará um piloto de formação europeia que terminou em quarto, perdendo o campeonato pro fraco Kyle Kaiser. É sempre possível enfear uma história, uma carreira, um atleta, a temporada de um time.

Contudo, foytista guerreiro que sou (imagine agora um torcedor da Portuguesa, um foytista é idêntico em sofrimento), prefiro inspirar-me pelo lado positivo para olhar o vindouro ano de 2018: no #14 o time terá uma lenda da categoria, mestre dos ovais ao lado de Dixon, Hornish, Franchitti e Helio, campeão das 500 Milhas de 2013 e detentor do título de 2004 e de 17 vitórias na história da Indy! No #4 o gaúcho que encantou a lenda AJ Foyt pela vitória dominante na Freedom 100 de 2016 em Indianapolis, não por acaso sua primeira corrida em oval na carreira. Foi decisivo vencer no Templo, diante de vários deuses da velocidade, e quis o destino que uma dessas entidades que assistiram a corrida da Indy Lights fosse Foyt, dono de time na Indy. 

Por essas e por outras, o time Brasil do Texas tem tudo para figurar entre os principais destaques ao fim da temporada 2018. Me cobrem em setembro!


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A Volta do Blog Zumbi



Desde Junho parei de escrever no blog, deixei-o moribundo. Não foi falta de paixão pela Vadia de 100 anos, tem a ver com falta de tempo (trampo no Rancho Indyana) e o meu computador estragado. Fotos, textos e todo resto que tinha estão aprisionados dentro daquele velho e bugado PC. Contudo, desde semana passada, estou munido com um netbook e com internet disponível. O tempo ainda é curto, porém a paixão por Indy só aumenta.

Não faço texto desde Detroit e a rodada dupla que Rahalzinho levou com todos os méritos foi a última postagem. Congelei ali e nada escrevi sobre a fantástica vitória do Poderoso Will no Texas e na Pocono 500, muito menos pude elogiar a rodada verde-amarelo no Oval do Milharal quando Helio (na Indy) e Matheus Leist (na Lights) venceram. Menos ainda escrevi sobre o incrível título conquistado por  Newgarden no seu primeiro ano com o time Penske. E disputando contra o temível tetracampeão Scott Dixon!

Não foi uma temporada que terminou na pista que a maioria queria (volta Richmond! Volta Fontana! Volta Chicagoland!), mas terminou em um lugar tradicional e próspero economicamente. E infelizmente não escrevi nenhuma linha sobre aquela final de temporada. Nem sequer pude vibrar de emoção com a montagem do time Brasil na Foyt!!! Mas agora tudo será diferente com a nossa Vadia!

Aos poucos reiniciarei o retorno do blog a cobertura do passado, presente e futuro da categoria mais puta que pariu do mundo.



terça-feira, 27 de junho de 2017

Duas vitórias de Rahal em Detroit e a confirmação da evolução como piloto de Indy


COMO SABEMOS - Para você entrar no modo HARD do "Caminho para a Astor Cup" e ter chances de conquistá-la, no mínimo, precisará vencer etapas desafiadoras em oval (curtos, médios e longos), rua e misto. Não existe escapatória, essa é a regra desde os anos 80. Dixon é tetra campeão da Indy porque ganha em mistos, ruas e ovais. Pegue a carreira de Power e verá que ele começa a se tornar competitivo de fato só quando começa a ser competitivo em ovais e não só em pistas que viram pros dois lados. Quando Franchitti corria (saudades do escocês voador!) seu currículo trazia um extremo equilíbrio de vitórias em circuitos de rua, circuitos mistos e circuitos ovais. Todos os citados foram campeões da Indy porque todos obtiveram grandes resultados em todos os tipos de traçados durante a temporada regular. 

O desafio da Indy, e isso pouca gente se dá conta e comenta, é testar a cada campeonato a pura evolução do competidor, o real desenvolvimento das habilidades que estão ali "atrofiadas" e "adormecidas" no interior do corpo do piloto. Os raros, como Mario Andretti, Foyt, Bobby Rahal ou Mears se adaptavam rápido, precisavam apenas acariciar a máquina por um mês, mas a maioria dos drivers de Indy começa com fortes atuações em determinado tipo de traçado e outras atuações limitadas em outros traçados. Se você é um europeu (francês, italiano, alemão, espanhol, romeno, russo ou um britânico) terá maior chance de bons resultados em Sonoma, Barber, Misto de Indianapolis, Watkins Glen, Mid-Ohio ou Road America. 

Mas a mesma verdade não vale para as pistas de rua americanas, que diferem da maioria das pistas de rua da Europa, no geral. Na Indy, a pista de rua tem como característica "ser uma pista de rua mesmo", onde no outro dia gente de todo tipo passará com carro e reclamará das ondulações. Portanto, sem direção hidráulica para acrescentar mais complicação, as pistas de rua não serão nada fácil para o piloto vindo de uma tradição europeia. Para os pilotos criados "dentro da Indy" as pistas de rua são comuns desde que Long Beach é parte do calendário.


Graham Rahal, piloto da Indy desde 2007, com 168 largadas, ganhou o nome "Graham" porque seu pai queria homenagear o famoso piloto de Fórmula 1 Graham Hill. Rahal ele herdou do pai mesmo, uma lenda do automobilismo americano dos anos 80 e 90, campeão três vezes do campeonato da Indy-CART e vencedor das 500 milhas de Indianapolis de 1986. Com uma história rodeada de tradição, esperava-se naturalmente que o moleque desabrochasse cedo e fosse refazendo as glórias do pai ao longo dos anos. No entanto, isso não aconteceu de imediato e Rahalzinho teve seis anos de ostracismo medonho, com brilharecos escassos aqui e ali nas temporadas de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014!

Depois de um ano de estréia promissor na falida Champ Car, mais precisamente de 2009 até 2014, o filho de Bobby amargou consecutivas derrotas na categoria guiando até um carro da Ganassi, fracassos bizarros como uma corrida no Texas onde ele perdeu para Justin Wilson há menos de duas voltas pro fim (após bater sozinho no muro) e uma queda brusca de performance o levaria de volta a casa, literalmente, do pai. O time RLL (de propriedade de Bobby Rahal) foi o refugio perfeito para um desacreditado filho de ex-piloto famoso. Seria um caso muito parecido com o de Marco Andretti, porém, Graham deu a volta por cima a partir de 2015, já Marco continua na merda de sempre.

A partir de 2015 Graham entrou numa espécie de metamorfose ambulante que o trouxe de volta para os holofotes das corridas de Indy. Rahalzinho vence, nesse ano, a sua primeira prova de 500 Milhas em Fontana, naquela que muitos consideram a mais intensa prova de Indy de todos os tempos, vence também na terra natal de Ohio e luta até a etapa de Pocono pela Astor Cup. Mas tanto no triângulo traiçoeiro quanto no misto da Califórnia o azar lhe tirou as possibilidades.

Para 2016 as expectativas eram altas para que o filho de Bobby Rahal voltasse a disputa da Astor Cup, mas Simon Pagenaud tratou de deixar muitos chateados antes da metade do campeonato. No entanto, não foi sem brilho a temporada de Graham. Em outra disputa emocionante contra fortes concorrentes de Penske, Ganassi e SPM, o piloto da RLL cravou mais uma vitória em oval, dessa vez no Texas onde tempos atrás Rahalzinho tinha perdido estupidamente uma conquista para sua carreira. Fora essa vitória, foram mais oito vezes no TOP FIVE, sendo dois 2º lugar, um 3º lugar, três 4° lugar e um 5º lugar. Ressaltando: sem companheiro de equipe para compartilhar informações, o que dá mais mérito ainda para ele como piloto e pro time sem outro carro para trocar informações e testar configurações a mais em cada pista.

Tudo bem que 2017 está sendo uma temporada com resultados um tanto quanto modestos para quem estava se acostumando a sempre estar entre os cinco primeiros nas corridas. Porém, duas vitórias seguidas na rodada dupla de Detroit não podem ser algo a se jogar fora. Muito pelo contrário. Talvez não seja suficiente para deixar Graham em condições de lutar pela Astor Cup, mas deixa a carreira do norte-americano recheada de conquistas nos três tipos de traçados da Indy e isso é muito importante dentro da série mais diversificada do mundo da velocidade extrema:


- 2 vitórias em ovais (500 Milhas de Fontana 2015 e Texas 600 de 2016)
- 1 vitória em mistos (Mid-Ohio em 2016)
- 3 vitórias em pistas de rua (St. Pete 2008, Detroit 1 e Detroit 2 em 2017)

Já o outro herdeiro de sobrenome glorioso na Indy...



quarta-feira, 31 de maio de 2017

500 Milhas de Indianapolis - A Redenção Nietzscheana do Samurai Voador


NIETZSCHE - Foi um filósofo alemão conhecido por seus pensamentos agudos, ousados, inovadores e, de certo modo, estoicos sobre a existência do homem no mundo. O foco central da sua filosofia era a "afirmação da vida" contra qualquer tipo de "doença psicológica" que inviabilize a expansão das energias humanas. A clássica e super-citada frase "O que não te mata, fortalece" resume bem a predileção do filósofo de Röcken pelas histórias de superação de si mesmo.

No último domingo, quando Takuma Sato cruzou a trilha de tijolos e venceu a corrida mais importante do mundo, Nietzsche me veio instantaneamente à memória. Quando eu era menino e lia as páginas dos livros aforismáticos do filósofo, muito mais do que a leitura de suas discordâncias sobre os pensamentos dos pensadores anteriores ou contemporâneos a ele, eu adorava ler suas reflexões sobre a necessidade de existir os caminhos árduos para a formação de um grande homem, de um grande artista e, adaptando para o automobilismo, de um grande piloto. 

Não que a vitória na Brickyard tenha transformado Takuma Sato em um piloto acima da média. Não, não é isso. Sato sempre será Sato, para o bem do automobilismo mundial (sim, eu gosto de pilotos que erram por excessos), o que mudou nesse caso atual é a relação entre o Sato que perdeu as 500 Milhas de Indianapolis para Dario Franchitti em 2012 e o Sato que ganhou as 500 Milhas de Indianapolis em cima do tricampeão Helio Castroneves.

Quando a bandeira branca foi acionada, quando os carros sobreviventes a essa acidentada prova de 500 Milhas adentraram a última volta e Sato tomou consciência da posição onde novamente ele estava (a quatro quilômetros da maior conquista de toda história do automobilismo japonês) um flashback invadiu por segundos sua cabeça. Uma vitória esperada não marca a vida de um piloto tanto quanto é marcante para uma carreira a derrota inesperada, o fracasso evitável, o erro no cálculo da ultrapassagem que lhe dará a glória. "A dor ensina, a dor educa, a dor engrandece quem a recebe" talvez diria Nietzsche se estivesse assistindo com seu hot-dog em punho a façanha do Samurai Voador.


Por duzentas voltas Sato foi brilhante na condução de sua máquina, foi ousado em muitos movimentos contra adversários veteranos na briga por posições (inclusive fazendo uma manobra muito parecida com aquela que o fez perder 2012, foi na ultrapassagem sobre Chilton pela linha de fora na Curva 1). A dor da derrota há 5 anos atrás trouxe uma sabedoria para que ele hoje conquistasse a Velha Indy pela primeira vez. Soube se manter a todo instante dentro do TOP 5 da corrida e, mais importante, construiu como um Shakespeare oriental o elemento dramático para cada uma de suas defesas contra as investidas do excepcional Helio Castroneves. 

Você pode zoar o Helio por tudo que ele passou em 20 anos de Penske, pode trollar a questão fiscal com a justiça americana, relembrar o problema dele com Fittipaldi, enfim, você pode, estamos em um mundo livre para opiniões também sobre Indy. A única coisa que você não pode é negar que Indianapolis sempre foi apaixonada por esse brasileiro: 3 vitórias, 3 segundo lugar e 6 poles. A pista escolheu ele para ser um de seus filhos e a quarta vitória é questão de tempo, a Velha Indy deixa isso bem claro! Um fenômeno do oval de Indiana que valoriza ainda mais a glória de Sato.


  Aos amigos indyanistas, deixo então uma grande mensagem de Nietzsche:

- "A todos com quem realmente me importo, desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de auto-confiança, e a desgraça dos derrotados."
Friedrich Nietzsche

terça-feira, 30 de maio de 2017

DAS ARQUIBANCADAS: A batalha entre Sato e Helio na edição número 101 do Maior Espetáculo das Corridas


NADA É MELHOR - Que assistir ao final eletrizante das 500 Milhas de Indianapolis com uma filmagem  especial do indyanista David Land direto das arquibancadas do Indianapolis Motor Speedway. Aprecie sem moderação! Samurai Voador Wins! Grande corrida do Helio, quase deu mestre de Indianapolis!


sábado, 27 de maio de 2017

A Grandiosidade de Indianapolis: A pista que escolhe o vencedor


IMPREVISIBILIDADE INFINITA, MAS... - Faltando dois dias para o início da edição 101 das 500 Milhas de Indianapolis, não temos nenhum favorito absoluto para vencer a prova. Ninguém sabe qual será o próximo piloto que beberá leite e terá o rosto esculpido no Borg-Warner. Seja você o Reginaldo Leme, o Téo José ou o Felipe Giafone. Não importa a posição que o piloto ocupe no campeonato da Indy, aliás, alguns pilotos nem sequer participam do campeonato todo e, mesmo assim, tem uma chance de vitória. Seja Alonso, seja Jay Howard ou Pippa Mann, qualquer um dos 33 pode ser no dia 28/05 escolhido pela pista para vencer!

Indianapolis vai além do que pensa Hamilton sobre a qualidade dos pilotos de Indycar, Indianapolis pouco se importa com o que pensa um piloto como Hamilton: a Indy500 sobreviveu a duas Guerras Mundiais, ela tem mais história que toda família de Hamilton junta; Indianapolis tem a ver com vida e morte, alegria e fracasso, maturidade versus juventude, o novo contra o velho, 500 Milhas é uma alegoria sobre a velocidade e o que cerca a vida humana.


O carrossel do inferno gira para a esquerda. Os 33 cavaleiros tem cada um seu próprio apocalipse individual a mais de 370km/h. Lado a lado eles escolhem momentos para pegar o vácuo, a melhor linha para colocar o carro de lado e ultrapassar. E giram, insanamente giram, por mais de duas horas e meia em busca de completar 800km o mais rápido possível. Engenheiros tentam acertar a estratégia perfeita a cada milha percorrida, a tropa de mecânicos precisa estar 100% focada durante os trabalhos nos pits e os riscos para os mecânicos também costumam ser grandes durante cada troca de pneus e reabastecimento. 


A alta media de velocidade alcançada nos superovais exige uma precisão cirúrgica do piloto, uma atenção diferenciada do que a exigida em pistas de rua ou circuitos mistos, onde áreas de escape, por menores que sejam, ainda assim dão uma margem boa para se cometer erros e corrigir. Em Indianapolis não, errar pode acabar não só com sua corrida (a não ser que você seja Danny Sullivan), pode acabar com a corrida de outros, pode acabar inclusive com sua vida. O acidente recente de Tião Bourdais relembrou a todos (e todos os anos temos acidentes que acabam relembrando toda gente) que os erros em circuitos ovais podem custar muito caro para o acidentado, mais caro costuma ser em Indiana.


Sou um apaixonado por Indianapolis, principalmente por tudo que aconteceu na pista nos anos pós-Segunda Guerra Mundial, quando Tony Hulman comprou e remodelou todo Templo da Velocidade, até o final dos anos 70. Mas não posso negar o quanto a corrida em si melhorou no aspecto competitividade nesses anos com o chassi Dw12. Desde o final de 2012, quando Dario Franchitti e Takuma Sato disputaram uma empolgante final até a brilhante vitória de Caçador sobre Helio "Spider Man" Castroneves, em 2014, é impossível antecipar um vencedor. Fazia muito tempo que o duelo de Veteranos contra Novatos não era tão acirrado. Contudo eu arriscarei um palpite de Pitonisa!


Mesmo sendo um foytista de coração e que estará torcendo por Muñoz, Daly e Veach no domingo, acredito que esse seja o ano de glória para Josef Newgarden e de um grande presente para comemorar os 80 anos da lenda Roger Penske. Mesmo guardando com carinho minha torcida por Alonso (que estará forte no carro #29 na sua estreia no Templo), Tony e Helio, mesmo que Caçador sempre seja um dos meus favoritos para corridas em ovais, mesmo com tantas possibilidades eu aposto todas as minhas fichas na glória do garoto de Nashville!